Um sonho alado que nasceu um instante
Erguido ao alto em horas de demência...
Gotas de água que tombam em cadência
Na minha alma tristíssima, distante...
*
Onde está ele, o desejado? O infame?
O que há de vir e amar-me em doida ardência?
O das horasde mágoa e penitência?
O príncipe encantado? O eleito? O amante?
*
E neste sonho eu já nem sei quem sou...
O brando marulhar dum longo beijo
Que não chegou a dar-se e que passou...
*
Um fogo fátuo rútilo, talvez...
Eu ando a procurar-te e já te vejo!
E tu já me encontraste e não me vês!
(Florbela Espanca)
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