
Era um homem, a sombra de um homem e
caminhava para o mar.
Estas pegadas
são o obscuro rumor do tempo
e o tempo é uma vara oblíqua nas mãos de deus.
Que fará um homem com as dores do mundo,
com a última gota dos cálices ao lado da noite?
Reconstruir o teu rosto da amada
dar vida à sua silenciosa vida?
Matar,
no súbito ardil do Outono, os vestígios de uma
palavra secreta?
Há uma cidade profunda onde em profunda água
ela o esquece.
Quem para o mar caminha
leva consigo a maldição das ilhas com um
lírio quebrado, uma ânfora de pólen,
um adeus.
***
(José Agostinho Baptista)
2 comentários:
Maravilhosas e viciante versos, parabéns por mais esta bela filigrana na sua escrivaninha,
Um forte abraço no seu coração poético. Estamos lá veja se gosta.
Obrigada pelas suas visitas e pelas suas palavras.
Visitei os seus blogues, embora numa leitura um pouco diagonal e por essa razão voltarei lá mais vezes, mas deu para perceber que, além de um amante de poesia, também a escreve muito bem.
Cumprimentos.
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