segunda-feira, 27 de julho de 2009

Se se morre de amor...


Se se morre de amor?!
– Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n’alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve e no que vê prazer alcança!
*
Simpáticas feições, cintura breve,
Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
Num engano d’amor arrebentar-nos.
Mas isso amor não é;
isso é delírio
Devaneio, ilusão, que se esvaece
Ao som final da orquestra, ao derradeiro
*
Clarão, que as luzes ao morrer despedem:
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D’amor igual ninguém sucumbe à perda.
Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração – abertos
Ao grande, ao belo, é ser capaz d’extremos,
D’altas virtudes, até capaz de crimes!
Compreender o infinito, a imensidade
E a natureza e Deus;
gostar dos campos,
D’aves, flores,
murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes;
Isso é amor...
e desse amor se morre!
*
Amar, é não saber, não ter coragem
Pra dizer que o amor que em nós sentimos;
Temer qu’olhos profanos nos devassem
O templo onde a melhor porção da vida
Se concentra; onde avaros recatamos
Essa fonte de amor, esses tesouros
Inesgotáveis d’lusões floridas;
Sentir, sem que se veja, a quem se adora,
Compreender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
E, temendo roçar os seus vestidos,
Arder por afogá-la em mil abraços:
Isso é amor...
e desse amor se morre!"
***
(Gonçalves Dias)

sábado, 25 de julho de 2009

Parabéns...


Fazes-me falta!
Preciso do teu colo
Tenho saudades de quando me ralhavas….
Dos conselhos que me davas e que eu não seguia
E que agora sei que eram sábios conselhos!
E mesmo quando errrava…
Ficavas sempre do meu lado
Davas-me a mão….
Dos princípios que me ensinaste!
E que fizeram de mim a pessoa que eu sou hoje!
Ensinaste-me a lutar pelas coisas em que acredito
Ensinaste-me que a sinceridade e a honestidade
Fazem de nós melhores pessoas….
Ensinaste-me que confiar nos dá força….
Ensinaste-me que o mal não é não conseguir!
O mal é não tentar!
Fazes-me falta!
Preciso do teu colo
Do teu sorriso tão carinhoso…
Tenho saudades de quando brincavas comigo
Como se fosses criança como eu…
De quando me ensinavas que às vezes é preciso sofrer
Para acreditar!
E olho para o céu….
E descubro-te naquela estrelinha que me sorri!
Preciso do teu colo…..
E hoje queria-te dar o maior beijo do mundo…
E continuo a sentir o último beijo que me deste!
Como se soubesses que ias partir……
Obrigada por teres sido o melhor Pai do mundo!
Fazes-me falta!
Preciso do teu colo…..
Hoje…..
Queria dar “aquele” beijo de Parabéns!
Parabéns PAI !
(Isa)
(Sinto a tua falta...
Fazes-me falta...)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Desespero


Não eram meus os olhos que te olharam
Nem este corpo exausto que despi
Nem os lábios sedentos que poisaram
No mais secreto do que existe em ti.
*
Não eram meus os dedos que tocaram
Tua falsa beleza, em que não vi
Mais que os vícios que um dia me geraram
E me perseguem desde que nasci.
*
Não fui eu que te quis.
E não sou eu
Que hoje te aspiro e embalo e gemo e canto,
Possesso desta raiva que me deu
*
A grande solidão que de ti espero.
A voz com que te chamo é o desencanto
E o espermen que te dou, o desespero.
***
(Ary dos Santos)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Travessia


Quando você foi embora fez-se noite em meu viver
Forte eu sou mas não tem jeito, hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha, e nem é meu este lugar
Estou só e não resisto, muito tenho prá falar
Solto a voz nas estradas, já não quero parar
*
Meu caminho é de pedras, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar
Vou seguindo pela vida me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte, tenho muito que viver
*
Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver
Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedras, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar
***
(Milton Nascimento)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Dás-me o Mundo

Quando as minhas mãos desenham o teu corpo
Tu deixas-te ir
Quando os meus lábios desenham os teus
Tu deixas-te sentir
E quando o Sol já disse adeus
E em tons de prata o Céu acolhe a Lua
Dás-me o mundo ao dizeres baixinho
Eu sou tua
*
Quando a tua boca dispara mil palavras
Sem nada dizer
Quando dizes não, mas queres dizer sim
Procuro ouvir
E quando o Sol já disse adeus
E em tons de prata o Céu acolhe a Lua
Dás-me o mundo ao dizeres baixinho
Eu sou tua
*
Quando o silêncio preenche cada espaço
Escolho aguardar
Pois sei que o silêncio transporta mil palavras
Sem nada falar
E quando estamos longe e o tempo corre lento
Começo a escrever
E em todas as palavras eu leio o teu nome
E o desejo de te ter
*
E quando o Sol já disse adeus
E em tons de prata o Céu acolhe a Lua
Dás-me o mundo ao dizeres baixinho
Eu sou tua
***
(Pedro Camilo)

terça-feira, 7 de julho de 2009

Parabéns, Ana Rita


Amor, alegria, felicidade, magia
Néctares que encontro em ti e dos quais me alimento
A cada dia que passa, em cada gesto, em cada carinho que me dás
*
Roubas-me sorrisos e enxugas as minhas lágrimas
Incapaz é como me sinto quando tento pôr em palavras o que és para mim
Tudo o que diga e faça é muito pouco para descrever o quanto me fazes feliz
Amo-te muito para além do que quaisquer palavras bonitas possam dizer.
***
(Cris)
(Para ti, meu sorriso com nome)