Não eram meus os olhos que te olharam
Nem este corpo exausto que despi
Nem os lábios sedentos que poisaram
No mais secreto do que existe em ti.
*
Não eram meus os dedos que tocaram
Não eram meus os dedos que tocaram
Tua falsa beleza, em que não vi
Mais que os vícios que um dia me geraram
E me perseguem desde que nasci.
*
Não fui eu que te quis.
Não fui eu que te quis.
E não sou eu
Que hoje te aspiro e embalo e gemo e canto,
Possesso desta raiva que me deu
*
A grande solidão que de ti espero.
A grande solidão que de ti espero.
A voz com que te chamo é o desencanto
E o espermen que te dou, o desespero.
***
(Ary dos Santos)
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