A beleza das flores de mãos dadas com a poesia. A fragilidade das suas pétalas em harmonia com a força das palavras.
domingo, 24 de janeiro de 2010
Até breve
Uma imagem que desejo poder ver um dia, ao vivo e a cores, com vida e protagonizada por uma das muitas crianças que sofrem neste momento.
Farei a minha parte, o que me for possível para a tornar uma realidade.
Gosto desta partilha, gosto de ter este blogue e foi e será sempre um prazer mantê-lo, mas, por agora, outros valores falam mais alto e me levam para longe daqui.
Daqui, onde a maior parte de nós se queixa ser difícil viver e critica tudo e todos, mas se pensarmos bem, se olharmos à nossa volta e prestarmos atenção ao que se passa lá fora, perceberemos que talvez nem tenhamos sequer o direito de nos queixarmos de nada, tal é a desgraça, a miséria e a tristeza que se vê por este mundo fora.
A todas as pessoas que seguiram este cantinho de Poesia em Flor, o meu obrigada e o meu desejo de que sejam muito felizes.
Até breve...
Os dois horizontes
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Lágrimas
são sinais
da tristeza e do desgosto
por não aguentar mais.
*
Se o sal das lágrimas temperasse
as mágoas do dia a dia
e houvesse quem as secasse
mais feliz me sentiria.
*
Se as lágrimas fossem flores
tudo ao meu redor estaria florido
perfumando as minhas dores
e tudo que tenho sofrido.
À procura
Correndo para além dos limites.
Tangível,
Tocante
Provocadoramente imemorial.
Na volta do tampo,
No rodar da saia
Vai
À procura do som do vento
À procura de uma boca para morar
No sorriso,
Para varrer as sombras da noite
Relembrando o canto do rouxinol.
A palavra dança na boca do sonho.
O sonho sonha com o riso da água,
A água sente o chapinhar do menino
Na borda do rio.
A palavra ancorada no fio da luz
Solta gemidos sentidos,
Leva recados do tempo
Vai até ti.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
20 Aniversario Palabras
20 años de estar juntos
esta tarde se han cumplido
para ti flores, perfumes
para mi, algunos libros
No te he dicho grandes cosas
porque no me habrian salido
ya sabes cosas de viejos
requemor de no haber sido.
Hace tiempo que intentamos
abonar nuestro destino
tu bajabas la persiana
yo apuraba mi ultimo vino.
Hoy en esta noche fria
casi como ignorando el sabor
del la soledad compartida
quise hacerte una cancion
para cantar despacito
como se duerme a los niños
y ya ves,solo palabras
sobre notas me han salido
que al igual que tu y que yo
ni se importan ni se estorban
se soportan amistosas.
mas no son una cancion
que helada esta casa !
sera que esta cerca el rio
o es que estamos en invierno
y estan llegando,estan llegando...
los frios.
20 años de estar juntos
esta tarde se han cumplido
para ti flores, perfumes
para mi, algunos libros
***
(Patxi Andion)
(Dedico este lindo poema ao meu irmão Duarte e minha cunhada Esmeralda)
As máscaras
alegres ou maltratados, o que não fizemos
foi por culpa de ninguém, faltou aço:
nós o gastamos em tanta inútil destruição,
não importa no balanço nada disto:
os anos padeceram de pústulas e guerras,
anos desfalecentes quando tremeu a esperança
no fundo das garrafas inimigas.
Muito bem, falaremos alguma vez, algumas vezes,
com uma andorinha para que ninguém escute:
tenho vergonha, temos o pudor dos viúvos:
morreu a verdade e apodreceu em tantas fossas:
é melhor recordar o que vai acontecer:
neste ano nupcial não há derrotados:
coloquemo-nos, cada um, máscaras vitoriosas.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Lúbrica
Lançaste no papel
Ó cálida mulher,
Contudo, um teu olhar
Do teu rostinho oval
Teus olhos sensuais,
As grandes comoções
Teus olhos imorais,
Soneto Antigo
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Primeira água
Caminho de uma vida
Sentida na sua futilidade,
Segue seu rumo e nunca avisa,
Traça e desenha a minha personalidade.
Alma só e tão vazia,
Vive rodeada de existência,
Um sorriso oferecido dia após dia,
Irreconhecível na sua essência.
Neste caminho sem sentido,
Arduamente percorrido,
Pedaços de mim deixo ficar,
Sinto-me mudar.
Uma mudança gélida e forçada,
Que molda lentamente,
Esta alma triste e cansada,
Tornando-a frígida e descrente.
O Presente é demoroso,
Sente-se ofegante,
Nervoso e saudoso,
Por um Futuro que é distante.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Olho a sua boca
Tanto que vem
levar-me os olhos.
O carvão, a cinza dos
meus olhos.
A sua boca,o sulco
onde me pergunta
a olhar anavalhado
o seu brilho bravio.
Sons de sirenes, uivos,
estrondos, desabamentos,
ravinas donde rompe o amor.
(Joaquim Manuel Magalhães)
Até ao fim
palavra a palavra,
até ao fim.
puxo o teu corpo
para o meio dele,
e de adjectivos até te ver,
tu,
o mais nu dos pronomes.
e tudo o que
não é preciso dizer:
eu e tu,
para que o poema acabe.
***