segunda-feira, 14 de junho de 2010

Neurastenia

Sinto hoje a alma cheia de tristeza!
Um sino dobra em mim Ave-Maria!
Lá fora, a chuva, brancas mãos esguias,
Faz na vidraça rendas de Veneza …
*
O vento desgrenhado chora e reza
Por alma dos que estão nas agonias!
E flocos de neve, aves brancas, frias,
Batem as asas pela Natureza …
*
Chuva … tenho tristeza! Mas porquê?!
Vento … tenho saudades! Mas de quê?!
Ó neve que destino triste o nosso!
*
Ó chuva! Ó vento! Ó neve! Que tortura!
Gritem ao mundo inteiro esta amargura,
Digam isto que sinto que eu não posso!!!…
***
(Florbela Espanca)