
A minha impaciência não cabe no poema 
ou na pedra afiada pelo silêncio 
que me fere os pulsos. 
Gravei a sangue o furor dos dias
e deixei rasgar em minha boca 
os frutos da sede e do assombro. 
Não me venham dizer 
que precisamos de profetas 
ou de heróis ou de sábios 
para o mundo ser salvo. 
Nós acreditamos que o brilho das manhãs 
se arredonda nas arcadas do tempo 
assediando o sonho fraterno dos poetas. 
A poesia não morreu. 
De memória em memória 
ela atravessa as palavras 
com a farpa da revolta. 
É preciso gritar que a poesia não morreu?
***
(Graça Pires)
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