sábado, 13 de fevereiro de 2010

Poema XVIII

Os dias não se descartam nem se somam,
são abelhas que arderam de doçura
ou enfureceram o aguilhão:
o certame continua, vão e vêm as viagens do mel à dor.
Não, não se desfia a rede dos anos: não há rede.
Não caem gota a gota de um rio: não há rio.
O sonho não divide a vida em duas metades,
nem a acção, nem o silêncio,
nem a virtude: a vida foi como uma pedra,
um só movimento,
uma única fogueira que reverberou na folhagem,
uma flecha, uma só, lenta ou activa,
um metal que subiu e desceu queimando em teus ossos.
***
(Pablo Neruda)

2 comentários:

josé luís disse...

olá,
pois é, os dias não se descartaram nem somaram durante a sua ausência... benvinda.

Cristiana disse...

Olá, José Luís.
Obrigada pelas suas palavras.
:-)