
Dormem juntos o caos e a ordem: 
ele, de costas para a parede, ressona; 
ela, a cabeça enterrada no travesseiro, 
talvez sonhe com um ruído de rumores obscuros. 
A noite envolve-os às avessas: 
um caos de pernas voltadas 
para o lado mais negro do infinito; 
e uma ordem de braços presos no círculo da terra, 
onde as raízes podres do outono rasgam os lençóis da alma. 
Passo por eles em silêncio: não quero acordá-los; 
e sei que me olham, com os olhos fechados do caos, 
e me ouvem, com os ouvidos atentos da ordem. 
***
(Nuno Júdice)
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