segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Amantes Incertos


Dormem juntos o caos e a ordem:
ele, de costas para a parede, ressona;
ela, a cabeça enterrada no travesseiro,
talvez sonhe com um ruído de rumores obscuros.
A noite envolve-os às avessas:
um caos de pernas voltadas
para o lado mais negro do infinito;
e uma ordem de braços presos no círculo da terra,
onde as raízes podres do outono rasgam os lençóis da alma.
Passo por eles em silêncio: não quero acordá-los;
e sei que me olham, com os olhos fechados do caos,
e me ouvem, com os ouvidos atentos da ordem.
***
(Nuno Júdice)

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