terça-feira, 23 de fevereiro de 2010


Nas estantes os livros ficam
(até se dispersarem ou desfazerem)
enquanto tudo passa.
O pó acumula-se e depois de limpo
torna a acumular-se no cimo das lombadas.
Quando a cidade está suja (obras, carros, poeiras)
o pó é mais negro e por vezes espesso.
Os livros ficam, valem mais que tudo,
mas apesar do amor
(amor das coisas mudas que sussurram)
e do cuidado doméstico fica sempre, em baixo,
do lado oposto à lombada,
uma pequena marca negra do pó nas páginas.
A marca faz parte dos livros.
Estão marcados.
Nós também.
***
(Pedro Mexia)

2 comentários:

Anónimo disse...

Descobri o seu blog por mero acaso e adorei.
Parabens pela selecção de poemas e pela beleza das imagens.
Conseguiu uma sintonia perfeita tal como descreve no título do blog.
Vou voltar de certeza

Cristiana disse...

Obrigada pela visita e pelas palavras de incentivo.
É sempre bom fazer alguma coisa que seja agradável para quem faz e para os outros também.

Volte sempre :)