
Herói é quem num muro branco inscreve 
O fogo da palavra que o liberta: 
Sangue do homem novo que diz povo 
e morre devagar    de morte certa. 
Homem é quem anónimo por leve 
lhe ser o nome próprio traz aberta 
a alma à fome    fechado o corpo ao breve 
instante em que a denúncia fica alerta. 
Herói é quem morrendo perfilado 
Não é santo    nem mártir    nem soldado 
Mas apenas    por último    indefeso. 
Homem é quem tombando apavorado 
dá o sangue ao futuro e fica ileso 
pois lutando apagado morre aceso. 
***
(Ary dos Santos)
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