segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Agri-doce



Nunca tinha desfolhado folhas de papel de arroz
nem sabia que de tão finas nunca se colavam .
Olhou-as , folhas plenas de figuras , chamavam-lhe letras ,
e essas, ela não conhecia .
Em lombadas vivas e largas
em papel pardo , adormecia de olhos abertos
ouvia sons e notas de ouvido, fugidas de cor .
Agri-doce
Começou a desfolhar folhas de papel de arroz , descoladas
o odor era adocicado, e inalava-o com uma força extrema .
Lânguida se deixou levar para mundos de bambu
arrozais que não secavam .
Sapatos de panos em pés de gueixas
Agri-doce
Tentava fixar os sentidos , o tacto era suave nas folhas
rude na capa .
Entre folhas de papel de arroz e capas de cartão…
misturava sentidos .
Agri-doce.
Docemente desfolhou folhas de papel de arroz ,
misturou tudo em arrozais húmidos.
Apurou o ouvido e ouviu sem som , folhas que se desfolhavam
leves por não pesarem
brancas
Imaculadas
Compressas em duras capas de cartão prensado
Pés atados de gueixa
repisavam folhas de papel de arroz
Agri- doce
***
(Teresa Maria Queiroz)

Sem comentários: