
Nunca tinha desfolhado folhas de papel de arroz
nem sabia que de tão finas nunca se colavam .
Olhou-as ,  folhas plenas de figuras , chamavam-lhe letras , 
e essas,  ela não conhecia .
Em lombadas vivas e largas
em papel pardo , adormecia  de olhos abertos
ouvia sons e  notas de ouvido,  fugidas de cor  .
Agri-doce
Começou a desfolhar folhas de papel de arroz , descoladas
o odor era adocicado, e inalava-o com uma força extrema .
Lânguida se deixou levar  para mundos de bambu
arrozais que não secavam .
Sapatos de panos em pés de gueixas
Agri-doce
Tentava fixar os sentidos , o tacto era suave nas folhas
rude na capa .
Entre folhas de papel de arroz e capas de cartão…
misturava sentidos .
Agri-doce.
Docemente desfolhou folhas de papel de arroz , 
misturou tudo em arrozais húmidos.
Apurou o ouvido e ouviu sem som , folhas que se desfolhavam
leves por não pesarem
brancas
Imaculadas
Compressas em duras capas de cartão prensado
Pés atados de gueixa
repisavam folhas de papel de arroz 
Agri- doce
***
(Teresa Maria Queiroz)
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