terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Vens de noite no sonho


Vens de noite no sonho
sem pés
entre páginas
de gasta paciência
quando a música findou
e teu sorriso se desfez
como um grão de pólen.
*
Vens no veneno oculto
de meus dias
no silêncio
dos meus ossos
devagar
arrastando em queda
o nosso mundo.
*
Vens no espectro
da angústia
na escrita
inquieta
destes versos
no luto maternal
que me devolve a ti.
*
A escuridão desce então
sobre o meu corpo
quando o rosto da morte
adormece na almofada.
**
(Ana Marques Gastão)

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