quinta-feira, 30 de abril de 2009

...

Toda a palavra tem um sentir próprio.
Entardecer.
Sentimento morno num tempo ausente que o meu peito toma,
redenção, expiação com termo certo, troça?
Mas meu peito flui, vai e vem, respiro, interrogo-me.
Jazem certezas na calçada, perdidas, como os passos.
A que caminho tardio me levam estes passos
- às vezes lar de sonho tornado de viagem -
senão à inquietação destas noites,
passo por passo repisada em meu peito?
Quem é esta Lua, estupenda fêmea intrometida
entre mim e o Rei que faz o dia,
senão a circunstância da noite?
Circunstancial eu,
julgo rasgar a sangue e fogo os muros do tempo,
desvelado leito minhas mãos súplicas do sonho fresco
que, de quando em vez, alenta minha lassidão....mas não!!!
No canto de um pássaro chega a claridade da manhã.
- cegam-me ainda as luas da tua pele nua -
É ela, apenas ela, que alivia esta agonia cega
em peito nocturno, sem circunstância.
Será fé este halo que sobe do rio até mim?
Toda a palavra tem um sentir. Me. Te. Nos.
Transcendental.
Este meu julgar-me nesta luz
de contas acertadas com a entrega.

***

(Paula Paiva)

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