segunda-feira, 27 de abril de 2009

Noite


É de noite que as palavras se soltam,
sem destinos nem contornos,
vagueando plurais em seus sentidos,
omitindo-se e revelando-se.

É de noite que me solto no sentir,
quando no adormecido silêncio
as palavras se fantasiam e libertam.

É de noite que acordo o poema
na sonolência do verbo,
na indigência dos significados,
na suavidade dos desvarios
consumados.

É de noite, na noite de mim,
que diariamente me exponho
nos silêncios libertados.
***
(Helena Monteiro)

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