segunda-feira, 9 de maio de 2011

Paixão



Ficávamos no quarto até anoitecer, ao conseguirmos

situar num mesmo poema o coração e a pele quase podíamos

erguer entre eles uma parede e abrir

depois caminho à água.

*

Quem pelo seu sorriso então se aventurasse achar-se-ia

de súbito em profundas minas, a memória

das suas mais longínquas galerias

extrai aquilo de que é feito o coração.

*

Ficávamos no quarto, onde por vezes

o mar vinha irromper. É sem dúvida em dias de maior

paixão que pelo coração se chega à pele.

Não há então entre eles nenhum desnível.

***




(Luís Miguel Nava)

1 comentário:

*LyDelfino* disse...

adorei....:)