Que é aquilo que reluz
pelos altos corredores?
Fecha essa porta, meu filho,
acabam de dar as onze.
Em meus olhos, sem querer,
brilham quatro lampiões.
Talvez ainda aquela gente
esteja a polir o cobre.
*
Alho de agónica prata
o quarto minguante, põe
cabeleiras amarelas
sobre as amarelas torres.
A noite chama a tremer
a vidraça das varandas,
perseguida pelos mil
rafeiros que não a conhecem,
e um olor de vinho e âmbar
solta-se dos corredores.
*
Brisas de cana molhada
e rumor de velhas vozes
ressoavam pelo arco
quebrado da meia-noite.
Os bois e as rosas dormiam.
Somente nos corredores
as quatro luzes clamavam
com o furor de S. Jorge.
Tristonhas mulheres do vale
desciam seu sangue de homem,
tranquilo de flor cortada
e amargo de coxa jovem.
E velhas mulheres do rio
choravam ao pé do monte
um minuto intransitável
de cabeleiras e nomes.
Fachadas de cal tornavam
quebrada e branca essa noite.
Ciganos e serafins
tocavam acordeões.
Minha mãe, quando eu morrer,
que se informem os senhores.
Põe telegramas azuis
que cheguem ao Sul e ao Norte.
Sete gritos, sete sangues,
sete duplas papoulas,
quebraram opacas luas
pelos escuros salões.
Coberto de mãos cortadas
e de grinaldas de flores,
o oceano dos juramentos
ressoava, não sei onde.
E o céu batia nas portas
do brusco rumor do bosque,
enquanto as luzes clamavam
pelos altos corredores.
pelos altos corredores?
Fecha essa porta, meu filho,
acabam de dar as onze.
Em meus olhos, sem querer,
brilham quatro lampiões.
Talvez ainda aquela gente
esteja a polir o cobre.
*
Alho de agónica prata
o quarto minguante, põe
cabeleiras amarelas
sobre as amarelas torres.
A noite chama a tremer
a vidraça das varandas,
perseguida pelos mil
rafeiros que não a conhecem,
e um olor de vinho e âmbar
solta-se dos corredores.
*
Brisas de cana molhada
e rumor de velhas vozes
ressoavam pelo arco
quebrado da meia-noite.
Os bois e as rosas dormiam.
Somente nos corredores
as quatro luzes clamavam
com o furor de S. Jorge.
Tristonhas mulheres do vale
desciam seu sangue de homem,
tranquilo de flor cortada
e amargo de coxa jovem.
E velhas mulheres do rio
choravam ao pé do monte
um minuto intransitável
de cabeleiras e nomes.
Fachadas de cal tornavam
quebrada e branca essa noite.
Ciganos e serafins
tocavam acordeões.
Minha mãe, quando eu morrer,
que se informem os senhores.
Põe telegramas azuis
que cheguem ao Sul e ao Norte.
Sete gritos, sete sangues,
sete duplas papoulas,
quebraram opacas luas
pelos escuros salões.
Coberto de mãos cortadas
e de grinaldas de flores,
o oceano dos juramentos
ressoava, não sei onde.
E o céu batia nas portas
do brusco rumor do bosque,
enquanto as luzes clamavam
pelos altos corredores.
***
(Frederico García Lorca)
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