quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O Muro



Movendo os pés doirados, lentamente,
Horas brancas lá vão, de amor e rosas
As impalpáveis formas no ar, cheirosas...
Sombras, sombras que são da alma doente!

E eu, magro, espio... e um muro, magro, em frente,
Abrindo à tarde as óbitas musgosas.
- Vazias? Menos do que misteriosas –
Pestaneja, estremece... O muro sente!

E que cheiro sai dos nervos dele,
Embora o caio roído, cor de brasa.
E lhe doa talvez aquela pele!

Mas um prazer ao sofrimento casa...
Pois o ramo em que o vento à dor lhe impele
É onde a volúpia está de uma asa e outra asa...
***
(Pedro Kilkerry)

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