quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Palhaço


O cómico avançou, num rodopio,
galvanizando o ar, depois cantou,
com graça, entre piruetas, recitou,
e nem um riso único surgiu!

De mágoa, eu tinha lágrimas em fio,
quando uma ausência estranha despertou
o espectador que eu era e me apontou
o coliseu sem público… vazio…

A solidão macabra da plateia
bem cedo fez, da torva sombra feia,
no meu olhar. Altas paisagens de ouro:

- Fumos de luz onde voei, perdido,
O ano dum minuto agradecido,
Para vê-la no fim rir do meu choro!
***
(Edmundo de Bettencourt)

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