terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ofício do costume


Do amor às palavras apenas resta costume.

Faz-se rito o mistério e um deus inútil

silencioso visita a paisagem devastada dos nossos sonhos.

Em espelhos a arder olhamos o nosso rosto

e a mão segura uma flor que é de gelo e cinza.

Se nesse entardecer um pássaro cego cantar,

que nos devolverá o seu canto se já a noite aguarda

para arrancar dos nossos olhos a luz última do mundo?

***

(Abelardo Linares)

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