terça-feira, 20 de outubro de 2009

Metamorfoses


Faça-se luz
neste mundo profano
que é o meu gabinete
de trabalho:
uma despensa.
*
As outras dividiam-se
por sótãos,
eu movo-me em despensa
com presunto e arroz,
livros e detergentes.
*
Que a luz penetre
no meu sótão
mental
do espaço curto
*
E as folhas de papel
que embalo docemente
transformem o presunto
em carruagem.
***
(Ana Luísa Amaral)

2 comentários:

josé luís disse...

este poema - em conjunto com o da natália correia - faz uma bela dupla... e não foi ela que disse uma vez "a poesia é para comer"?

Cristiana disse...

Eu alimento-me dela, isso é verdade.
Portanto, Natália Correia estava certíssima quando disse isso.