sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Sintonia


Na superfície do meu corpo
palmilhada pelos teus dedos
reluzem cristalinos ainda
os sinais de tuas mãos
que são de sal e suor
*
Das paredes e dos móveis
e até dos espaços vazios,
nos lugares por onde andamos,
na retina, e na memória
ressurge a tua presença.
*
E esse estares em mim
é o tempo da colheita
o tempo de tudo ter,
é o banquete da vida
que nos devolve ao principio
de sentir que tudo volta
a ser na sua inteireza.
*
E nesse estado de graça
não busco fundo nem longe
o nirvana dos ascetas,
me basta a luz que emana
se sentir que a batida
no meu peito é igual
à pulsão que te anima.
***
(Ângela Santos)

2 comentários:

josé luís disse...

(...e esse estares em mim é o tempo da colheita o tempo de tudo ter...)

gostei - e também voltei aos poemas de amor

(volta-se sempre, não há volta a dar...)

Cristiana disse...

Tem razão, "volta-se sempre, não há volta a dar..." amor é tema que está sempre presente. Até quem tem desamores fala dele...
:-)