
Dois horizontes fecham nossa vida:  
Um horizonte, — a saudade           
Do que não há de voltar;           
Outro horizonte, — a esperança           
Dos tempos que hão de chegar;           
No presente, — sempre escuro,—           
Vive a alma ambiciosa           
Na ilusão voluptuosa           
Do passado e do futuro.           
*
Os doces brincos da infância         
  Sob as asas maternais,          
 O vôo das andorinhas,           
A onda viva e os rosais;           
O gozo do amor, sonhado           
Num olhar profundo e ardente,           
Tal é na hora presente           
O horizonte do passado.           
*
Ou ambição de grandeza           
Que no espírito calou,           
Desejo de amor sincero           
Que o coração não gozou;          
 Ou um viver calmo e puro          
 À alma convalescente,           
Tal é na hora presente          
O horizonte do futuro. 
     *     
No breve correr dos dias           
Sob o azul do céu, — tais são          
 Limites no mar da vida:           
Saudade ou aspiração;           
Ao nosso espírito ardente,           
Na avidez do bem sonhado,           
Nunca o presente é passado,          
 Nunca o futuro é presente.           
*
Que cismas, homem? 
– Perdido           
No mar das recordações,          
 Escuto um eco sentido           
Das passadas ilusões.          
Que buscas, homem? – Procuro,           
Através da imensidade,           
Ler a doce realidade           
Das ilusões do futuro.                    
*
 Dois horizontes fecham nossa vida. 
***
(Machado de Assis)
6 comentários:
cristiana,
vinha visitá-la, porque realmente já tinha estranhado a sua ausência, e deparei com a sua mensagem...
compreendo perfeitamente que haja momentos em que este jardim não faça tanto sentido como antes fizera - mas espero que cumpra o que disse ;-) e que seja mesmo só até breve - porque ao longo destes meses fui-me tornando também uma espécie de jardineiro destes seus poemas em flor...
que consiga o que quer, que corra tudo bem e felicidades!
(e que esta última frase seja uma fábula completa)
José Luís,
será um até breve, só não sei quão breve será.
Obrigada pelas suas palavras.
Vai correr tudo bem, se Deus quiser.
:-)
QUE PENA!!!
FIZ UMA POESIA QUE PODERIA ESTAR EM SEU BLOG...
ACHEI TUDO MUITO LINDO!
TENHA MUITO SUCESSO,
BEIJOS POÉTICOS,
ERICO.
Maravilha o seu blog!De muito bom gosto.
Parabéns!
com carinho, Luiza ananias
Erico, obrigada pela sua visita.
Pena porquê?
Creio que talvez tenha percebido que não voltaria a postar...
Mas, se assim foi, percebeu mal.
Será com todo o gosto que publicarei o poema, ou poemas, que quiser ver por aqui.
Volte sempre.
:-)
Luiza, obrigada pela visita e pelo incentivo nas suas palavras.
:-)
Enviar um comentário