Ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
e debruçados na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma letra,
Desgraçadamente falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome!
- Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
- Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
Eu estava sonhando…
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
“Neste país é proibido sonhar”.
***
(Carlos Drummond de Andrade)
2 comentários:
lembro-me de ser criança e viajar imenso na beira do prato, quando havia sopa de massa de letras. escrevia tibete e antartida e, até me avisarem de que a sopa esfriava, acredite que já tinha escalado o everest e posto uma bandeira no pólo sul...
Belas palavras as suas... e pensar que são "apenas" um comentário!
Por acaso, como todas as crianças, creio eu, também lembro de tentar encontrar as letras para formar palavras mas, no meu caso, talvez porque nunca tive muito espírito aventureiro, ficava-me pelos nomes próprios das pessoas que me rodeavam e pelo meu, claro.
:-)
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