segunda-feira, 12 de abril de 2010

De noite amada


De noite, amada, prende o teu coração ao meu
e que no sono eles dissipem as trevas
como um duplo tambor combatendo no bosque
contra o espesso muro das folhas molhadas.
*
Nocturna travessia, brasa negra do sono
interceptando o fio das uvas terrestres
com a pontualidade dum comboio desvairado
que a sombra e pedras frias sem cessar arrastasse.
*
Por isso, amor, prende-me ao movimento puro,
à tenacidade que tem em teu peito bate
com as asas dum cisne submerso,
*
para que às perguntas estreladas do céu
responda o nosso com uma única chave,
com uma única porta fechada pela sombra.
***
(Pablo Neruda)

Sem comentários: