sábado, 23 de agosto de 2008

No sorriso, um sonho


Cada regresso teu à minha memória faz-me pensar que afinal nunca te foste embora,
que o tempo é a coisa mais relativa do mundo,
e a distância, nunca afasta as pessoas que nasceram para se encontrar.
*
Dás-me um abraço muito grande, apertado e um bocadinho ansioso,
mas logo se instala aquela calma só nossa, que nenhum de nós sabe de onde vem,
mas que nunca nos abandona sempre que estamos juntos.
O teu olhar inseguro, terno como o de um rapazinho com saudades de casa.
*
Sei que quando partires o olhar já será outro,
como se eu chegasse primeiro ao destino do que tu,
como se o que vives neste jardim da tua infância de filmes de 35mm,
como aqueles que os nossos pais faziam,
quando éramos pequenos nas férias.
*
O teu olhar chega primeiro mas o teu coração chega depois,
porque apesar do silêncio e da distância,
agora real outra vez,
ficas ainda por cá, espalhada pela minha cabeça,
e nada guarda memória mais certa e fiel do que a minha pele e a tua pele.
*
Por isso vais ficando,
no cheiro,
no eco da voz,
no sabor da boca,
no toque dos dedos nas costas da mão,
no olhar calado e fixo,
atento e preso,
muito mais eloquente que mil poemas de amor.
*
Gostava que a tua casa fosse o meu coração,
como se fosse um botão que encontrou o seu lugar.
A minha casa é onde ninguém faz barulho.
Não tenho portas blindadas,
nem uma estrutura à prova de sismos,
mas o meu sistema de aquecimento central é o melhor do Mundo
e acredita que nunca mais,
te irias sentir sozinha ou perdida.
Nos meus olhos é onde encontro o teu olhar quando já cá não estás.
*
(Andy)

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