quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Teus olhos entristecem


Teus olhos entristecem.
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham esquecem...
Não me ouves, e prossigo.
*
Digo o que já, de triste,
Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que és.
*
Olhas-me de repente
De um distante impreciso
Com um olhar ausente.
Começas um sorriso.
*
Continuo a falar.
Continuas ouvindo
O que estás a pensar,
Já quase não sorrindo.
*
Até que neste ocioso
Sumir da tarde fútil,
Se esfolha silencioso
O teu sorriso inútil
(Fernando Pessoa)

Sem comentários: