
Teus olhos entristecem. 
Nem ouves o que digo. 
Dormem, sonham esquecem... 
Não me ouves, e prossigo. 
*
Digo o que já, de triste, 
Te disse tanta vez... 
Creio que nunca o ouviste 
De tão tua que és. 
*
Olhas-me de repente 
De um distante impreciso 
Com um olhar ausente. 
Começas um sorriso. 
*
Continuo a falar. 
Continuas ouvindo 
O que estás a pensar, 
Já quase não sorrindo. 
*
Até que neste ocioso 
Sumir da tarde fútil, 
Se esfolha silencioso 
O teu sorriso inútil
(Fernando Pessoa)
Sem comentários:
Enviar um comentário