segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Viagens


Já vai alta a noite,
vejo o negro do céu,
deitado na areia,
o teu corpo e o meu.
Viajo com as mãos
por entre as montanhas e os rios,
e sinto nos meus lábios os teus doces e frios.
E voas sobre o mar,
com as asas que eu te dou,
e dizes-me a cantar: “É assim que eu sou”,
olhar para ti e ver o que eu vejo,
olhar-te nos olhos com olhares de desejo,
eu não tenho nada mais p’ra te dar,
esta vida são dois dias,
e um é para acordar,
das histórias de encantar.
Viagens que se perdem no tempo,
viagens sem princípio nem fim,
beijos entregues ao vento,
e amor em mares de cetim.
Gestos que riscam o ar,
e olhares que trazem solidão,
pedras e praias e o céu a bailar,
e os corpos que fogem do chão.
(Pedro Abrunhosa)

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