Anda no ar a excitação
de seios súbito exibidos
à turva luz de um alçapão,
por onde os corpos rolarão,
mordidos!
*
Ou é um deus, ou foi a Morte
que nos vestiu este torpor;
e a Primavera é um chicote,
abrindo as veias e o decote
ao meu amor!
*
Esqueço que os dedos têm ossos:
é só de sangue esta carícia;
apenas nervos os pescoços...
Mas nos teus olhos, nos meus olhos,
a luz da morte brilha.
***
(David Mourão-Ferreira)
Sem comentários:
Enviar um comentário