quarta-feira, 13 de abril de 2011

Não canto porque sonho



Não canto porque sonho.

Canto porque és real.

Canto o teu olhar maduro,

O teu sorriso puro,

A tua graça animal.

*
Canto porque sou homem.

Se não cantasse seria

somente um bicho sadio

embriagado na alegria

da tua vinha sem vinha.

*
Canto porque o amor apetece.

Porque o feno amadurece

nos teus braços deslumbrados.

Porque o meu corpo estremece

Por vê-los nus e suados.

***

(Eugénio de Andrade)

1 comentário:

josé luís disse...

lindíssimo...
(um dia destes aparece na poedia ;))