sábado, 19 de abril de 2008

Sombras Brancas

Sombras fragéis, brancas, adormecidas na praia,
Adormecidas no seu amor, na sua flor de universo,
A ardente cor da vida ignorando
Sobre um leito de areia e de acaso abolido.

Livremente os beijos desde seus lábios caem
No mar indomável como pérolas inúteis;
Pérolas cinzentas ou talvez cinzentas estrelas
Ascendendo até ao céu com luz desvanecida.

Por detrás da noite o mundo silencioso naufraga;
Por detrás da noite rostos fixos, mortos, se perdem.
Só essas sombras brancas, oh brancas, sim, tão brancas.
A luz também dá sombras, mas sombras azuis.

(Luís Cernuda)



Sem comentários: