quinta-feira, 1 de maio de 2008

Estrela da tarde


Era a tarde mais longa
de todas as tardes
que me acontecia
Eu esperava por ti,
tu não vinhas,
tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde,
que a boca tardando-lhe
o beijo morria.
Quando à boca da noite
surgiste na tarde
qual rosa tardia
Quando nós nos olhámos,
tardámos no beijo
que a boca pedia
E na tarde ficámos, unidos,
ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde
em que tanto tardaste
o sol amanhecia
Era tarde de mais
para haver outra noite,
para haver outro dia.
(Ary dos Santos)

1 comentário:

Anónimo disse...

Do Ary dos Santos este e um dos mais bonitos poemas que escreveu..como curiosidade ha uma outra versao do mesmo poema que termina da seguinte forma:

E na tarde ficámos, unidos, ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para ser nesse dia
Mas ha sempre outra noite, para haver um outro novo dia

Ha palavras que nos consolam
beijo
M.