quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

oceanos entre mim e mim


oceanos largos entre mim e mim, afastam-me,
enfim, tal como continentes distantes,
mas o leme forte faz-me flutuar entre ambos
rumo ao porto, livre de procelas, que anseio.
mares como o sangue que flui por minhas veias
num mergulho adiante da felicidades superficial
à frente da beleza da aparência subconsciente
expondo, nessa aventura, meu íntimo sem receio.
não ostra aberta à força pela faca que interrompe
o gozo de expelir a pérola madura e pura,
mas consciente da importância no equilíbrio todo.
entre mim e mim, livre da vontade do meu querer,
na errância entre corpo e... alma? nada pode ser nada,
contraditório abandono em calma, além do mistério de viver,
emergi no regresso amargo das respostas não encontradas.
singro meus desejos contidos alando asas aos ventos
que encrespam os oceanos e dissipam a nuvem grácil
e no orgasmo que estremece meu ser como mar aberto,
há coisa ainda estranha e imponderável, por certo,
que paira sobre o meu corpo transitório e frágil.
***
(António Miranda Fernandes)

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