"Antigamente havia em mim um nome gravado a fogo
eu morria por ele.
Eu fechava os olhos e o nome pedia-me a luz,
a manhã, a música.
a manhã, a música.
Antigamente eu imaginava a delicadeza,
as florestas, os bosques reduzidos ao silêncio
as florestas, os bosques reduzidos ao silêncio
pelos subterrâneos da tarde,
e ser tocado no rosto era ser ferido por uma imensa
beleza, pelos olhos da planície, como um animal adormecido,
como um lugar onde deitar a cabeça
beleza, pelos olhos da planície, como um animal adormecido,
como um lugar onde deitar a cabeça
e adormecer sonhando com o deserto.
No deserto eu estava a salvo, caminhando nos
declives e havia palavras imensas,
declives e havia palavras imensas,
palavras como o trigo e o mar
e as raízes e os relâmpagos
e as raízes e os relâmpagos
e um rosto e os campos do Outono
e isso era como ficar cego no meio da luz
e isso era como ficar cego no meio da luz
estremecendo entre
as poeiras, as cores da manhã, as veredas dos bosques.
as poeiras, as cores da manhã, as veredas dos bosques.
E eu olho fixamente esse rosto de fogo,
toco uma vez essas mãos,
amo demoradamente a distância,
comovo-me perdido na sua voz,
enquanto passa no mundo uma estranha ventania."
***
(Francisco José Viegas)
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