segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Qual é a tarde por achar


Qual é a tarde por achar
Em que teremos todos razão
E respiraremos o bom ar
Da alameda sendo verão,
*
Ou, sendo inverno, baste 'star
Ao pé do sossego ou do fogão?
Qual é a tarde por voltar?
Essa tarde houve, e agora não.
*
Qual é a mão cariciosa
Que há de ser enfermeira minha —
Sem doenças minha vida ousa —
Oh, essa mão é morta e osso...
Só a lembrança me acarinha
O coração com que não posso.
***
(Fernando Pessoa)

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