
Qual é a tarde por achar 
Em que teremos todos razão 
E respiraremos o bom ar 
Da alameda sendo verão, 
*
Ou, sendo inverno, baste 'star 
Ao pé do sossego ou do fogão? 
Qual é a tarde por voltar? 
Essa tarde houve, e agora não. 
*
Qual é a mão cariciosa 
Que há de ser enfermeira minha — 
Sem doenças minha vida ousa — 
Oh, essa mão é morta e osso... 
Só a lembrança me acarinha 
O coração com que não posso. 
***
(Fernando Pessoa)
Sem comentários:
Enviar um comentário