Não lavei os seios
pois tinham o calor da tua mão.
Não lavei as mãos
pois tinham os sons do teu corpo.
Não lavei o corpo
pois tinha os rastros dos teus gestos;
tinha também, o meu corpo,
a sagrada profanação
do teu olhar que não lavei.
Nem aqueles lençóis,
não os lavei,
nem os espelhos,
que continuam
onde sempre estiveram:
porque eles nos viram cúmplices,
e a paixão no paraíso parece que era.
Lavei, sim,
lavei e perfumei a alma em jasmim,
que é só tua
para te esperar
como se nunca tivesses ido
a nenhum lugar:
donde apaguei todas as ausências
que apaguei do teu olhar.
***
(Soares Feitosa)
3 comentários:
Que maravilha...adorei!!
bjs
Deixei 2 selinhos no meu blog para si, é um dos meus preferidos.
Quando puder passe lá :)
bjs
Lindissimo poema.
Bom fim de semana
Beijinhos
Maria
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