Quando me quer enganar
A minha bela perjura,
Pera mais me confirmar
O que quer certificar,
Pelos seus olhos mo jura.
Como meu contentamento
Todo se rege por eles,
Imagina o pensamento
Que se faz agravo a eles
Não crer tão grão juramento.
*
Porém, como em casos tais
Ando já visto e corrente,
Sem outros certos sinais,
Quanto me ela jura mais,
Tanto mais cuido que mente.
Então, vendo-lhe ofender
Uns tais olhos como aqueles,
Deixo-me antes tudo crer,
Só pela não constranger
A jurar falso por eles.
***
(Luís Vaz de Camões)
4 comentários:
Gosto imenso do seu Blog, desde há muito que o sigo com atenção, adoro poemas.
Parabéns!!
Belo versejar, uma maravilha de se ler, parabén sempre
OceanoAzul.Sonhos,
obrigada pelas suas palavras e por seguir atentamente o que se vai passando neste jardim que é tão meu quanto seu e de todos que aqui vêm, aliás, só assim faz sentido, só partilhando vale a pena.
:-)
Obrigada, POESIASEMFOCO, volte sempre :-)
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