sábado, 7 de novembro de 2009

As Primeiras Chuvas


As primeiras chuvas estavam tão perto
de ser música
que esquecemos que o Verão acabara:
uma súbita alegria,
súbita e bárbara, subia e coroava
a terra de água,
e Deus, que tanto demorara,
ardia no coração da palavra.
***
(Eugénio de Andrade)

2 comentários:

josé luís disse...

lindíssimo e apropriadíssimo para o dia de hoje, em que estive no campo.
choveu e veio pelo ar aquele odor tão especial a terra molhada.
o verão acabou mas senti essa alegria que coroa a terra de água.

[quem dera pudesse ter sentido deus a arder no coração da palavra...]

Cristiana disse...

As suas palavras só confirmam o que eu digo da poesia desde que passei a tê-la como uma paixão que alimento diariamente: parece haver sempre um poema apropriado/ideal/oportuno para cada dia ou momento da nossa vida e, ao lê-lo, dá-nos a sensação que as suas palavras é que são a leitura do que nos vai na alma, na mente e no coração.

São tantas as razões para adorar a poesia...

p.s. Espero que o dia tenha corrido bem e tenha desfrutado dele ao máximo. :-)