terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sei de...


Sei de tudo.
sei de tudo o que não vês,
sei de tudo o que não sentes.

Sei de ontem
da fome que se desprende de ti,
Sei de hoje
a vontade que te promete auroras boreais.

Sei de mim
de tudo o que sinto
e de tudo que queria não ter.

Sei de mim
do rego cavado no peito
e do cheiro deste amor desatinado.

Sei de nós
do que somos e queremos,
do que temos e tememos
dos nacos de luz que nos iluminam,
dos fios azuis que nos atam à vida.

Sei de ti.
Sei de mim
Será que sei de nós?
***
(Maria José Areal)

2 comentários:

Luis disse...

Se existem poemas, no qual todo o seu conteúdo nos conseguimos rever, este é certamente um deles; imagino ao ler este poema como se de uma luva se tratasse, e cada pedaço que a mão se vai adaptando á sua forma( assim me revejo em cada frase que está aqui escrita), mais se sente que o encaixe é perfeito e concluir que este poema está "moldado" tal e qual a luva fica na mão...aconchegado(a) e sem mais nada a dizer.Sei de mim mas não sei de tudo...mas sei que gosto muito de te "ler".Maravilhoso poema.Um beijinho de quem gosta muito muito de ti.E sempre a duplicar.

Cristiana disse...

Luís,
é isto que a poesia tem de maravilhoso. Dar-nos a sensação que é ela quem nos lê.
Como se nos despisse de emoções e sentimentos.
Fico contente que tu, logo tu que nem ligavas muito a poesia, já consigas retirar dela uma das sensações mais fantásticas que nos dá.

Um beijinho de quem (também) gosta imenso de ti. Beijinho em duplicado, claro :-)