terça-feira, 10 de novembro de 2009

Final


De mãos escassas nuas
a flor frágil renasce sem motivo
senão vê-la tardia nos caminhos
que até aqui me trouxeram,
e a surpresa, a nitidez dos colos tranquilos
onde as searas são o dia-a-dia
já maduras e a estrada que entre os campos
me leva desconheço hoje para onde
nem como nem porquê entre cidades
e plainos navegando e vendo as árvores
e o seu perfil exacto contra o céu.
Digo-me tanto aqui hei-de passar
que um dia o silêncio se abrirá
no rasto que existia na memória
e as lembranças se irão, morto estava
o desejo de flores e as mãos escassas
preparavam o seu fim
sem que a pena ou o medo as desviasse.
***
(Nuno Dempster)

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