terça-feira, 10 de novembro de 2009

Canção do verdadeiro abandono


Podem todos rir de mim,
podem correr-me à pedrada,
podem espreitar-me à janela
e ter a porta fechada.
*
Com palavras de ilusão
não me convence ninguém.
Tudo o que guardo na mão
não tem vislumbres de além.
*
Não sou irmã das estrelas,
nem das pombas nem dos astros.
Tenho uma dor consciente de bicho
que sofre as pedras e se desloca de rastos.
***
(Natércia Freire)

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