e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
*
Irmão das coisas fugidias,
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
*
Se desmorono ou se edifico,
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei.
Não sei se fico ou passo.
*
Sei que canto.
Sei que canto.
E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
***
(Cecília Meireles)
1 comentário:
não concordo... ;-)
se se escreve, mesmo quando partimos nunca estaremos mudos - as palavras ficarão sempre na voz de quem as vier a ler
[a voz deste poema também nunca emudecerá]
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