Quem me quiser há-de saber as conchas
a cantigas dos búzios e do mar.
Quem me quiser há-de saber as ondas
e a verde tentação de naufragar.
*
Quem me quiser há-de saber as fontes,
Quem me quiser há-de saber as fontes,
a laranjeira em flor, a cor do feno,
à saudade lilás que há nos poentes,
o cheiro de maçãs que há no Inverno.
*
Quem me quiser há-de saber a chuva
Quem me quiser há-de saber a chuva
que põe colares de pérolas nos ombros
há-de saber os beijos e as uvas
há-de saber as asas e os pombos.
*
Quem me quiser há-de saber os medos
Quem me quiser há-de saber os medos
que passam nos abismos infinitos
a nudez clamorosa dos meus dedos
o salmo penitente dos meus gritos.
*
Quem me quiser há-de saber a espuma
Quem me quiser há-de saber a espuma
em que sou turbilhão, subitamente
- Ou então não saber a coisa nenhuma
e embalar-me ao peito, simplesmente.
***
(Rosa Lobato de Faria)
4 comentários:
obrigado, não conhecia.
[mas a tentação de naufragar nem sempre é verde]
Que bom dar-lhe a conhecer e principalmente que goste da descoberta. :-)
(Ai não? Então? Explique-me o seu raciocínio, sff...rsrs)
[nem sempre, mas por vezes é madura]
Tem razão, mas, quando madura e bem pensada, não deixará de ser apenas tentação passando a ser uma vontade a cumprir, uma meta a alcançar?
:-)
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